26 de Junho de 2015. Mais ou menos 18:00 da noite. Estou saindo do CCBB do centro da cidade onde moro. Assim que vou descendo a rua 1º de Março em direção ao sinal para atravessar a rua para ir embora, sou surpreendido por um transeunte que me pega desprevenido me perguntando se eu curtia, ou melhor, gostava de poesia. Digo que sim. Digo até que também escrevo poesia e tudo. Ele me saca de uma de suas mãos um exemplar de sua publicação. Dou-lhe uma pequena quantia de dinheiro pela publicação. Leitor, tu podes pensar que a quantia que ofereci foi por conta da publicação; mas não. A quantia significativa que doei foi em nome da subsistência da feitura da poesia. E é com este paragrafo extenso, mas esclarecedor que inicio esta matéria, ao afirmar indiretamente que, hoje em dia a poesia marginal continua viva!
Sim, digo-vos isto pois, ela- a poética marginal – está com uma nova roupagem. Os conteúdos- a alma humana e seus dilemas intrínsecos- continuam os mesmos, mas em novas vozes que a transmitem em formatos de zines, que são publicações de baixo custeio , se comparado a um livro em si, e que são confeccionados e vendidos pelos próprios poetas, trazendo uma nova roupagem do cotidiano urbano/ humano. No caso destes poetas que me abordaram na rua, até um coletivo eles tem formado dentro da rede social, o ameopoema, onde expõem seus outros poemas e partilham vivencias próprias de todos que fazem parte e conhecem o coletivo. Também não só estes- Rômulo Ferreira, Nelson Neto, Carole Bê, David Monsores,Gabory Solrac e grupo- que estão a frente do coletivo e que comungam tais vivencias literárias, mas também outros poetas/ escritores (e me incluo em tal lista) compartilham poemas/ vidas dedicadas as letras em tal grupo da rede social.
O mesmo coletivo recentemente esteve em Belo Horizonte promovendo (juntamente com o o pessoal do coletivo Elástica de Minas Gerais) um grande sarau pelas ruas da capital mineira, expondo o melhor da arte que é feita nas ruas, pelas vozes que infelizmente são caladas pela população em grande maioria.
Digo que o coletivo se compara a um vírus benigno que te consome assim que começas a tomar ciência do trabalho e da garra dos que fazem parte deste coletivo poético.
A poética de rua está mais viva do que nunca. Os poetas de rua da contemporaneidade devem (e merecem) ser escutados cada vez mais. Poetas de rua não se deixem calar! E desejo que continuemos nesta imensa , árdua e maravilhosa jornada que é escrever um poema e amar a poesia incondicionalmente.
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