Um abraço maior que a multidão.
Grandes amigos se reúnem para um longo e afetuoso abraço em vias públicas de várias cidades do mundo, como São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York e Beijing. Mas esse abraço não produz sensações somente em quem troca carinho, mas também em quem o assiste: susto, perplexidade, desconfiança, surpresa, alegria. É o que mostra o ensaio do fotógrafo paulista Calé Azad, publicado no livro Elo. “É impressionante como um abraço pode causar constrangimentos e incomodar”, diz Calé. Nas fotos, o afeto parece ser capaz de gerar mais estranhamento do que um ato de violência urbana cotidiana, como se já tivéssemos nos acostumado com a rispidez do dia a dia, mas despreparados para gestos de amor. Aí, o afago assusta. Ou faz refletir sobre como lidamos com nossos sentimentos. O projeto também é resultado da percepção do autor sobre sua própria forma de expressar afetividade. Depois de vivenciar um processo intenso de autoconhecimento, ele decidiu se dedicar apenas ao trabalho autoral, deixando para trás os 17 anos de carreira na fotografia comercial. “Em algum ponto sentimos que não estamos vivendo o amor na totalidade e é sobre isso de que fala o livro”, ressalta. Além das imagens, Elo traz textos reflexivos sobre o tema, escritos pelo curador Diógenes Moura e pelo dramaturgo Pedro Kosovski, e haicais de Madhav Bechara.
Abaixo temos algumas imagens do ensaio fotográfico.