Honestamente, não sei por onde começar este texto.
Ná década de 60, a revolução hippie invadiu o mundo com o lema paz e amor. Jovens foram às ruas levantar suas bandeiras, flores e baseado para defender um mundo sem guerra, sem intolerâncias, sem discriminação. Era lindo de se ver.
Anos mais tarde, aqui no Brasil, os cara pintadas foram às ruas defender a nossa democracia. Pintaram seus rostos com as cores nacionais, mostraram todo seu patriotismo e alguns até assumiram o novo poder. Bela história também.
Atualmente, a revolução saiu das ruas e tomou conta da internet. E tudo parece motivo para se tornar La revolución! Simples e justo. Na era do compartilhamento e da agilidade da informação, esse novo comportamento da juventude (eu incluso) me parece algo realmente natural.
Claro que existe uma certa desordem no meio de tantas revoluções. Para o bem e para o mal, a internet tornou-se um ambiente reativo, pronto para todo e qualquer combate. E 2011 foi um ano em que todo esse meu discurso foi posto a prova. Governos derrubados, tabus quebrados, celebridades envergonhadas, personalidades reveladas. O poder está nos carácteres e na viralização. E é um preceito bem simples, se você gosta, você compartilha. Mas como eu disse: para o bem e para o mal.
Dias atrás, o vídeo da enfermeira matando um yorkshire foi parar no YouTube e gerou uma reação em massa. Paralela a essa reação, grupos reagiram dizendo que as pessoas só compartilham “besteiras” e aquilo que realmente importa (políticos corruptos, desmatamento, caos na saúde…) não é tão discutido quanto a morte de um cachorro. Ok, sejamos justos, o argumento é relevante.
Agora, vamos ser práticos. Um argumenta contra o outro, tomando o mesmo tipo de atitude. Estamos falando da revolução do teclado e mouse nos dois sentidos da pista. Ambos estão exercendo seu direito de se expressar brandamente sobre um assunto que os indignou, mas quantos estão realmente fazendo alguma coisa para reverter o quadro? Não me parece justo o roto falar do mal lavado. Estou errado?
Não quero sair defendendo uns e outros, ambos tem seus pontos de vista e, de certo modo, parecem-me corretos. Mas voltando as fatos, eu tenho a teoria de que a reação das pessoas tenha sido muito mais calorosa em relação ao yorkshire simples e puramente por existir um vídeo como prova do crime cometido. Era um vídeo circulando, não simplesmente uma informação (que poderia até ser falsa). Estamos muito mais propensos a julgar um crime quando nos são apresentadas provas conclusivas. Pelo menos é o que faz sentido para mim.
Existe uma coisa muito curiosa sobre movimentos populares que se analisarmos bem o passado, vamos compreender melhor o que o tempo nos reserva. Quando Gutemberg inventou a prensa, os primeiros trabalhos a sairem da invenção foram bíblias e outros livros oficiais. Quando a tecnologia “se popularizou”, as primeiras produções populares a surgirem não foram grandes livros com ensinamentos para a humanidade. Isso veio depois. Primeiro vieram as sacanagens (no sentido sexual mesmo), as críticas ao governo, os ataques à igreja e por aí vai. Foi a orkutização da mídia impressa.
Demorou até a tecnologia ser entendida e bem utilizada. Acredito que a internet esteja passando pelo mesmo momento. Estamos vivendo uma fase de transiação, em que o mundo inteiro está se tornando digital. E nesse período, ainda estamos amadurencendo as coisas e entendendo o poder dessa nova tecnologia. Se os Maias estiverem errados e sobrevivermos a 2012, teremos longas décadas para continuar a debater o assunto e quem sabe as revoluções da internet tornem-se mais consistentes no mundo real, se é que podemos fazer essa distinção.
Postado por André
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